“Não são tantos os médicos que têm o conhecimento necessário para fazer esse diagnóstico. Nós somos mais de 30 mil ginecologistas no país e, durante as formações, a endometriose ainda sempre é motivo de dúvida”, fala Podgaec nessa edição do podcast.
Há muitas situações em que os médicos fazem algum tratamento sem chegar efetivamente a um diagnóstico. Por exemplo, receitam uma pílula anticoncepcional ou um anti-inflamatório à paciente que tem cólica fortes. A medida, explica Podgaec, pode diminuir a dor, mas não melhora a endometriose, que pode estar presente e ser a causa do problema.
As dificuldades para o diagnóstico
Uma questão complicada é que o diagnóstico especializado, realizado por meio de ultrassom ou da ressonância, ainda é pouco acessível, pois são poucos os profissionais capacitados para fazer esses exames.
Essa junção entre desconhecimento por parte de pacientes e de médicos e a falta de diagnóstico especializado são as raízes da demora: “São na média oito anos e cinco ginecologistas diferentes antes do diagnóstico da endometriose”, diz Podgaec.
Apesar dessas dificuldades, descobrir a doença cedo é fundamental. “Tem-se a impressão de que com o diagnóstico precoce é possível fazer com que a doença não evolua”, explica o médico. Mesmo não havendo certeza sobre esse ponto, é possível controlar melhor a endometriose quando ela é descoberta no início.
Como identificar a endometriose
Por isso é importante atenção aos sintomas. São seis os principais indícios de que a mulher tem endometriose. O primeiro deles é a cólica forte. “Geralmente pedimos para a paciente dar uma nota de zero a dez para a dor. Quando a nota é acima de sete, a dor é significativa”, diz Podgaec.
O segundo sintoma é uma dor pélvica acíclica, ou seja, não relacionada ao período menstrual. O terceiro, é a dor durante a relação. “Mas é uma dor no fundo da vagina, não é a dor no início da penetração”, enfatiza o ginecologista.
O quarto e o quinto sintomas estão relacionados ao ciclo menstrual e tem a ver com o trato intestinal ou urinário. “É aquela paciente que diz toda vez que menstrua tem dor ao evacuar, o intestino solta ou há sangue nas fezes”, fala Podgaec. Dor para fazer xixi ou sangramento na urina também podem ocorrer.
O sexto sintoma não tem a ver com a dor, mas sim com a fertilidade “É a paciente que tentou engravidar durante um ano e não conseguiu. Uma das principais causas da infertilidade é a endometriose”, ressalta o médico.
Endometriose e infertilidade
Nem sempre, porém, a endometriose gera infertilidade. Como explica Podgaec, há pacientes que são assintomáticas: tem endometriose mas não sentem absolutamente nada – podem não ter cólica, não ter dor e até conseguir engravidar.
Se estima que a infertilidade apareça em 30% dos casos, ou seja: sequer ocorre com a maioria das pacientes.
Nos casos em que a mulher com endometriose pretende engravidar, o que muda é o tratamento que ela receberá. A maior parte dos tratamentos é feito à base de hormônios para bloquear o fluxo menstrual dessa mulher, mas, para as futuras mamães, esse método não é usado. “Há que se privilegiar a questão da gravidez”, fala Podgaec.